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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA – notas para reflexão.


Ednailda Santos[1]

Atualmente novembro é considerado o mês da consciência negra, fato resultante de várias lutas do movimento negro no Brasil pelo fim do preconceito e da discriminação raciais. Assim, solicitei este valioso espaço semanal para prestar informações e incitar o debate sobre esta temática estruturante da sociedade brasileira, amazonense e humaitaense.

Nos últimos dez anos várias conquistas forma alcançadas pelo(a)s afrodescendentes no Brasil, tais como: a criação da SEPPIR(Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), a promulgação das Leis 10.639/03 e 11.645/08 e, a implementação de feriados no dia da Consciência Negra em 20 de novembro. Inclusive, em Humaitá o dia 20 de novembro é feriado municipal.

Entretanto, assegurar promoção da igualdade racial e de gênero, bem como o fim da discriminação e do preconceito etnicorracial no Brasil ainda é um processo que requer a descontrução de uma cultura eurocêntrica, machista e patrimonialista, o que perpassa não só pela adoção de leis mas, principalmente, pela reeducação das relações raciais. Neste sentido, as relações raciais e o respeito à diversidade devem ser trabalhados em sala de aula diariamente, em todos os meses do ano, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior.

Antecedentes históricos do Dia Nacional da Consciência Negra em homenagem a Zumbi dos palmares.

A formação de quilombos foi uma estratégia eficaz nas lutas contra a escravidão no Brasil. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.

Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares. Criado pelo padre Antônio Melo, aos 15 anos fugiu para Palmares e adotou o nome Zumbi, que significa guerreiro. Logo ascendeu ao comando militar do quilombo, governado então por Ganga Zumba. Em 1678, renegou um acordo com as autoridades coloniais e provocou uma guerra civil no quilombo. Mandou envenenar Ganga Zumba e assumiu seu lugar. Durante 14 anos liderou a resistência contra os portugueses. Com a destruição de Palmares, em 1694, fugiu com outros sobreviventes e escondeu-se na mata. Foi morto numa emboscada, após ser traído por companheiros. Seu corpo foi mutilado e a cabeça enviada para o Recife, onde foi exposta em praça pública.
Após 17 anos de combate em que se notabilizou como um dos maiores generais da história da Humanidade, Zumbi morreu em 20 de novembro de 1695, durante a expedição repressora do bandeirante Domingos Jorge Velho. A experiência palmarina durou cerca de 60 anos e foi a maior e mais longa contestação à ordem escravista em todo o mundo e em todos os tempos. Palmares abrigou cerca de 20 mil habitantes, negros, índios e brancos pobres.
O poeta, professor e militante do movimento negro, Oliveira Silveira, nascido em 1941, no interior do Rio Grande do Sul, pesquisou e sugeriu a data 20 de novembro como a mais significativa para a comunidade negra brasileira e como alternativa ao dia 13 de maio, data de comemorações oficiais da Abolição da Escravatura no Brasil. Essa data começou a ser celebrada em Porto Alegre (RS), na década de 70, através do grupo Palmares. Inicialmente celebrada como Dia do Negro, ela se tornou Dia Nacional da Consciência Negra, em 1978, por meio de iniciativa do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, depois só MNU.

A existência de quilombos no Estado do Amazonas

Quilombo é um movimento amplo e permanente que se caracteriza pelas seguintes dimensões: vivência de povos africanos que se recusavam à submissão, à exploração, à violência do sistema colonial e do escravismo; formas associativas que se criavam em florestas de difícil acesso, com defesa e organização sócio-econômico-política própria; sustentação da continuidade africana através de genuínos grupos de resistência política e cultural. (NASCIMENTO, 1980, p.32).[2]

Os quilombos mais representativos da Região do Amazonas são os da Bacia do Rio Trombetas e do Baixo Rio Amazonas. Durante o século XIX, o quilombo Rio Trombetas esteve situado nas proximidades das Cidades de Santarém e Óbidos. Outros quilombos da Região são Inferno e Cipotena nas cabeceiras do Rio Curuá.
Os quilombos do Baixo Amazonas são relevantes, não só do ponto de vista político, mas também do econômico e social, pelo nível de desenvolvimento que alcançaram, ao realizar intercâmbios, o que lhes conferiu uma consideração especial entre os quilombos
da Amazônia e em relação aos do Nordeste. O Quilombo de Trombetas chegou a reunir mais de dois mil quilombolas nas proximidades da região de Óbidos.


VEM AÍ: Comemoração do Dia da Consciência Negra!

No dia 19/11(sexta-feira) a partir das 14h ocorrerá uma intervenção artístico-cultural nas dependências do Prédio de aulas da UFAM, no hall próximo à cantina, com a presença dos artistas visuais Mazzo Rodrigues e Adriano Furtado e do Grupo de capoeira sob a liderança do Professor Naldo.



[1] Professora Assistente da Universidade Federal do Amazonas(UFAM)/ IEAA; Vice-coordenadora do NEGRA - Núcleo de estudos afrobrasileiros e das relações étnicorraciais na Amazônia.

[2] NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo. Petrópolis: Vozes, 1980.


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