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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Terra e guerra, uma rima por aqui?


No Sul do Amazonas, pelo menos até agora reinava um clima de paz entre os proprietários de terras,
alguns com documentos do tempo do império e os ribeirinhos que, mesmo sem serem os verdadeiros donos da terra têm com esses, na maioria dos casos uma relação amistosa e até mesmo rendosa em alguns casos.

Os proprietários, principalmente aqueles que descendem dos grandes produtores de borracha, que depois da queda do preço do produto começaram a explorar as riquezas naturais da floresta sem destruí-la migrando para produtos como a castanha, o açaí e o óleo de copaíba contando com o apoio dos ribeirinhos agora se sentem ameaçados, primeiro pelo governo federal, que segundo eles está se baseando no artigo 20 da constituição para tirar de suas mãos as terras alagáveis, justamente as mais produtivas para a seguir tornar comodatários os ribeirinhos.

O segundo perigo para os proprietários são os movimentos promovidos pela Igreja Católica, que, segundo os donos de terras, incentivam os ribeirinhos a querer documentações que não são deles. Para os donos documentados, a grande ameaça da Igreja Católica tem nome. Irmã Angélica que aliada a algumas ONGs vem promovendo a mudança de mentalidade nas comunidades a beira rio, incitando a guerra de classes.

Ao falarmos com Irmã Angélica que estava acompanhada do Bispo da cidade Dom Francisco Merkel, houve um temor aparente na freira que disse só querer ajudar alguns ribeirinhos a conseguir benefícios do governo federal, pois sem a sua ajuda não conseguiriam, além do mais ela afirmou que alguns proprietários de terras são inacessíveis aos ribeirinhos, que quando precisam de alguma documentação que é fornecida por eles não os encontram, pois alguns moram em cidades afastadas tornando inviável qualquer tipo de procura.

Sem as terras alagáveis, os donos de terras ficarão sem a maioria de seus territórios, pois segundo estudos, o amazonas tem mais de 50% de suas terras sujeitas a inundação. Sem vacilar em seus direitos os proprietários se congregaram numa associação APAV (Associação dos Proprietários de Áreas de Várzea) para buscarem na justiça seus direitos, e assim, evitar que as terras deixadas por seus avôs pertençam ao governo Federal, para evitar o dano, eles se seguram na premissa de que as terras já eram suas antes da promulgação da atual constituição.

Para provarem que não estão brincando os donos de terra registraram um boletim de ocorrência contra a freira na segunda-feira, 16, para evitar suas palestras de incentivo aos ribeirinhos. Embora a situação pareça estar fugindo do controle, a grande maioria dos que estão ao lado dos que são donos de terras e mesmo irmã Angélica só querem que a paz permaneça reinando pelos lados do sul do Amazonas.

Seja qual for o lado vencedor, quem parece que não vai ganhar nada são os ribeirinhos, pois se o governo Federal for o novo dono da terra, eles serão apenas comodatários, se os atuais proprietários continuarem, eles poderão ficar ou serem expulsos pelo medo de uma apropriação indébita no futuro.

A realidade ensina que seja lá o que fizerem o angu do pobre sempre terá muito caroço, é daqueles que não derretem.

Haroldo Ribeiro


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